Adesão do Pará à Independência, uma revolução sem mudanças
Há
exatos 175 anos, em 15 de agosto de 1823, foi assinada a Adesão do Pará
à independência do Brasil. Um fato que determinou a história recente do
Estado. A adesão aconteceu quase um ano depois do famoso grito às margens do Ipiranga.
Isso porque, naquela época, o país era
dividido em duas Capitanias: A província do Grão Pará e Maranhão e a
Província do Brasil. Os dois territórios faziam parte da colônia
Portuguesa, mas quase não havia comunicação entre eles. O Pará se
reportava diretamente a Portugal e pouco contato tinha com o resto do
país.
Por ordem do Imperador Dom Pedro I, a
esquadra comandada pelo almirante John Pascoe Grenfell desembarcou em
vários estados forçando os que ainda não haviam aderido à Independência,
a aceitar a separação definitiva entre Brasil e Portugal. <<Mas a
missão deveria ir apenas até a Bahia. Não havia ordens para chegar ao
extremo norte. Mesmo assim, eles desembarcaram no Porto de Salinas no
dia 11 de agosto de 1823>>, conta o historiador João Lúcio
Mazzini.
Golpe - Um blefe de
Grenfell convenceu os responsáveis pelo Estado a aceitar a adesão. O
Almirante trazia uma carta que seria de Dom Pedro I. O documento
comunicava que os governantes do Pará deveriam se unir ao Brasil, caso
contrário teriam os territórios invadidos. A esquadra imperial estaria
esperando em Salinas, pronta para bloquear o acesso ao porto da capital e
assim sufocar a economia, baseada nas exportações.
No mesmo dia 11, foi convocada uma
assembléia no Palácio Lauro Sodré, sede administrativa na época.
Acreditando na história e temendo um ataque, os governantes preferiram
aderir à Independência, sob a condição de que os postos e cargos
públicos fossem mantidos. A adesão
foi assinada quatro dias depois, data escolhida para o feriado. A ata com as assinaturas faz parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Pará.
foi assinada quatro dias depois, data escolhida para o feriado. A ata com as assinaturas faz parte do acervo do Arquivo Público do Estado do Pará.
<<Foi uma revolução que não mudou
absolutamente nada. Deixamos de pertencer ao império português e
passamos a pertencer ao império brasileiro, mas para as pessoas comuns;
negras, índias e pobres, não houve mudança>>, explica o
historiador. <<Foi realmente um golpe. Era uma esquadra formada
por 100 homens sob o comando de Grenfell, que tinha apenas 23 anos. A
população de Belém era de pelo menos 15 mil pessoas. Não havia
possibilidade de confronto>>.
Revoltas - A manutenção
do poder com a adesão resultaria, três meses depois, na Revolta do
Brigue Palhaço, quando 256 pessoas foram confinadas no porão do navio
São José Diligente e morreram asfixiadas, sufocadas ou fuziladas.
<<A repressão contra os movimentos populares naquele momento que
também culminou na Revolta da Cabanagem, em 1835>>, explica
Mazzina. <<Se não fosse por esta união entre o Pará e o Brasil,
nossa situação hoje poderia ser diferente. Poderíamos ter evoluído para
um Reino Unido a Portugal ou ao Brasil ou mesmo para um país
independente>>.
Texto - Glauce Monteiro
Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
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